quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Inauguração do Centro Multimídia Tebenkam: celebração, festa, ritual e despedida!




No nosso último dia de atividades na Ilha, fomos participar da inauguração do Centro Multimídia Tebenkam.  Um dia inteiro de celebrações de diversas tabancas que trouxeram suas homenagens e apresentações culturais, especialmente danças e cânticos bijagós como o kundere. 


O bombolô, instrumento tradicional e sagrado de comunicação da cultura bijagó


Uma inauguração é um evento importante para toda a Ilha. Danças tradicionais, tambores tocando, bombolô conduzindo, oferendas de comidas, presentes de artesanatos e panos, exposição fotográfica Diáspora Revelada de Fafá Araújo, apresentações infantis, danças afro brasileiras, foi um dia intenso de beleza  e confraternização! 

Após um dia de celebrações e discursos, foi feito um ritual religioso bijagós, com dança e matança de uma vaca, que também serviria para alimentar as pessoas. Os homens e mulheres grandes defenderam que esse animal deveria pernoitar morto dentro do Centro multimídia, para dar sorte e que apenas no dia seguinte seria despostado para virar alimento. Assim ocorreu. A residencia foi encerrada com esse grande evento que trouxe um cenário híbrido onde o tradicional e o digital, elementos comunitários e de atores de outros países se interrelacionam.

















                              





sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"No Kutura": Grupo Mini-Bantaba se apresenta na Rotunda e marca de emoção nossa presença na Ilha

Jovens prontos para apresentar a dança de Kabaro

O grupo Mini-Bantaba , coordenado por Adão Lopes Correia, se apresentou na noite cultural da Jornada de Direitos Humanos. O grupo apresenta uma fusão das danças da cultura bijagós das tabancas da ilha.  Foi apresentada a dança e o ritmo de Kabaro, uma dança que reporta a tradição dos bijagós com as vacas, animais sagrados de celebrações religiosas que também geram danças com imitações desse animal.

Mulheres e Homens em movimentos de relação com a natureza e de reverencia às vacas, animais sagrados aqui


o grupo também faz apresentações de balé afro, com ritmos mais atuais, fruto de intercambio com senegaleses

Última semana na Ilha permeada de muitos debates e reuniões...

Programa Especial na Rádio: Palestra sobre Comunicação comunitária, educação e direitos humanos com Say e Natália, apoio de Tony e Locução da queridíssima Joaninha

Reunião sobre projeto de Ecoturismo com o IBAP: conhecendo um pouco mais sobre as problemáticas do turismo

Reunião de Articulação e avaliação com ASAD e Rádio Djan Djan: desenhando sonhos...

Mobilização com a Juventude de diferentes grupos: valorização cultural e intercâmbios para fortalecimento conjunto Brasil - África!

Praia de Bruce - só gratidão!



Oficinas de Dança e percussão superam todas as expectativas na Ilha de Bubaque

Olhares atentos, vai começar a oficina de Dança.

Nas oficinas culturais, ministradas por Mestre Jorge Rasta e Dani jeje o processo comunicativo e interativo foi bastante fluido  por ter os elementos lúdicos, artísticos e tradicionais em jogo. As contribuições da dança e da percussão do grupo da Rede Mocambos, com forte característica yorubá, trouxeram um diálogo com as expressões banto da cultura bijagós da Ilha. 
oficina de percussão... eles já sabiam tudo...

juventude mobilizada na oficina de dança

 O resultado foi muito surpreendente, uma vez que as grandes habilidades com o corpo e com os tambores, favorecem muito a rápida apropriação de ensinamentos nesse mesmo campo. Cerca de 30 pessoas participaram na dança e 20 na percussão, montando uma pequena apresentação cultural no campo de jogos depois de 4 dias de intercâmbios entre as práticas artísticas.
Sem muito esforço do Mestre, o grupo precisou de pouco tempo pra dar show com os tambores.

Depois da apresentação  o grupo ainda solicitou por duas vezes ensaios para repetir apresentação na noite cultural na praça de Bubaque e na inauguração do Centro Multimídia. Por fim, ocorreram algumas reuniões no sentido de fortalecer a valorização da cultura tradicional frente ao turismo exploratório da ilha, assim como desenhar as possibilidades de intercâmbio para o Festival Cultural de Bubaque que ocorre no período da páscoa. As expectativas de continuidade e ampliação das perspectivas Brasil África.

Dia de Jogos, apresentação de dança e percussão no campo da Ilha

Emocionante, vivo e revigorante

Compartilhando mensagens da Rede Mocambos

A Carta Mandinga : primeira declaração dos Direitos Humanos no mundo datada do ano 1222.
A Carta Mandinga ou " Mandinga Kalikan " parece ter sido proclamada em 1222, na posse de Sundiata Keita como imperador do Mali, pela irmandade dos caçadores. Ele mesmo pertencia a essa irmandade, Sundiata também tinha o título de “Simbo” que significa "mestre caçador ."

Esta carta é uma das primeira declaração de direitos humanos, tem uma vocação universal. A carta é citada como referência em alguns artigos legais em vigor e até serviu de modelo para as nossas constituições.


Postula o respeito pela vida humana, a liberdade individual e a solidariedade. Afirma a total oposição da irmandade de caçadores a escravidão que tinha se tornado prática comum na África Ocidental. Na verdade, a abolição da escravidão foi uma obra-prima de Sundiata Keita.
Aqui é um extrato que contém sete palavras :
  1. Respeito á vida: cada vida humana é uma vida, é verdade que uma vida parece existir antes de outra, mas uma vida não é mais antiga, mais respeitável do que uma outra vida. Assim, uma vida não vale mais do que outra vida;
  2. Reparação: Toda a vida é uma vida , qualquer dano a outra vida exige reparação, então ninguém tem direito a atacar seu vizinho sem motivo, ninguém cause dano ao seu semelhante, ninguém martirize seus semelhantes;
  3. o espírito de família e a importância da educação: Que cada um assista seu semelhante, cada qual tem que venerar seu genitor, que cada qual eduque seus filhos, que todo mundo trabalhe para assumir as necessidades de sua família;
  4. a pátria: que cada pessoa cuide da terra de seus país ( ... ) porque todo os países, toda terra que viesse desaparecer dos homens, da sua superfície irá experimentar declínio e desolação;
  5. Banir a escravidão e a fome : A fome não é uma coisa boa, a escravidão tampouco não é boa. Não há pior calamidade que essas coisas neste mundo. Enquanto temos a flecha (aljava) e arco a fome não vai matar ninguém no Mandingo, a guerra nunca mais destruirá aldeias para coletar escravos. Isto significa que ninguém agora poderá por freios na boca dos seus semelhantes para vendê-lo , ninguém vai ser batido em Mande e muito menos condenado à morte , porque ele é filho de um escravo.
  6. Rejeição a guerra: A essência da escravidão esta apagada de uma parede para outra do Mandé . Os ataques estão proibidos a partir deste dia no Mande. Que dificuldade que o atormento! Principalmente quando o prejudicado não tem nenhum recurso . O escravo não tem consideração em qualquer lugar do mundo.
  7. liberdade de agir e de falar : O homem como um indivíduo, feito de ossos e carne, medula e nervos, a pele coberta de pêlos e cabelos, come alimentos e bebidas. Mas a sua "alma", seu espírito vive com três coisas : Ver quem ele quer ver , dizer o que ele quer dizer e fazer o que ele quer fazer. Se qualquer uma dessas coisas vier a faltar na alma humana, irá certamente sofrer e se deletar. "

    Este é o juramento do Mandingo nos ouvidos do mundo todo.

    fonte: Sundiata Keita : UMA VIDA , UM DESTINO , UM IMPÉRIO

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Dias felizes na Adema - Associação de Defesa do Meio Ambiente!

Um lugar bom para passar os finais de semana na Ilha: a ADEMA!

Em nossas andanças pela ilha, um lugar muito agradável, com muitas crianças, atuando especialmente com trabalhos com reciclagem de lixo, produzindo objetos, sacolas, lixeiras com crianças, jovens e adultos.

Também um lugar muito acolhedor, seja pelas lideranças que coordenam o trabalho (Mário e Fernando), seja pelo carinho e atenção das mulheres e crianças. Passamos alguns dias por lá, participando do cotidiano das crianças, de almoço coletivo tão tradicional, nos lembrando a balburdia do nosso caruru, todos comem num prato grande e com as mãos.

Mário, coordenador da Adema mostrando sacola feita de embalagem de água

Costuras misturam plásticos e tecidos africanos
 Por fim, Jorge Rasta coordenou uma oficina de machê para fazer máscaras e bonecos, com garrafas petis, folhas secas, barro e papel de cimento, materiais disponíveis no lugar.

Oficina de máscaras com papel de embalagem de cimento e barro.

máscara produzida na oficina

oficina de bonecos de machê

reciclagem mistura lacre de latas e crochê

O mestre falando da importância da música tradicional

Celebração: comer como as pessoas daqui... a gente, tão em casa na partilha do arroz e do peixe


Debates e Mobilização em torno da ampliação da participação das mulheres e da defesa de seus direitos!



Djumbai sobre os Direitos das mulheres coordenado por Natália Maria: potencializando as narrativas das mulheres de Bubaque
 
Na Ilha de Bubaque, os atores e parceiros locais, tem trazido à tona o tema dos direitos das mulheres. Por aqui, o tema, ainda reserva muitos tabus, mas encontramos muitas mulheres que estão rompendo o silêncio e dando o tom da defesa de seu corpo e da luta por igualdade de direitos. 


Jofesb: Jovens Feministas do Setor de Bubaque!


Jovens feministas da Ilha, sempre presentes e mobilizadas !

Nas mobilizações feitas, pudemos acompanhar e partilhar narrativas e experiências da vida, de dizer "basta" à formas de opressão. Algumas reflexões trazidas pelas mulheres daqui giraram em torno do respeito aos costumes tradicionais, que, uma vez que estes se enfraquecem, a mulher engravida muito cedo, perdendo a referencia dos cerimoniais de idade, outra questão gira em torno do direito ao estudo, aqui, predominantemente os homens é que são liberados para estudar fora. A questão do corpo e do respeito ao mesmo é sempre um tema atual: muitos casos de mulheres que são agredidas numa sociedade onde as questões de segurança e dos direitos humanos é ainda mais complicada por ser no continente africano, isso recai sobre a mulher com muito peso.

Foi muito feliz a atuação das mulheres da ilha nas mobilizações da semana da Jornada de Direitos Humanos, assim como os passos que vem sido trilhado para organizar grupos de mulheres e ter essa pauta de sensibilização na rádio local.

Marcha Contra a Violência contra a Mulheres na Ilha de Bubaque